Não é um grande filme, longe disso — por vezes, sentimos mesmo uma formatação do argumento que permite antecipar as cenas supostamente mais inesperadas... Dito isto, vale a pena contrapor um dado que, sendo cinematográfico, é sobretudo sociológico e político. Assim, numa altura de tristíssima banalização das memórias do 25 de Abril [populismo + "revolucionarismo"], As Ondas de Abril possui o mérito de nos recordar que a história se faz de permanentes desvios de perspectiva, olhar e pensamento. Como? Encenando as atribulações cómicas de uma equipa de uma rádio suíça que chega a Portugal no dia... 22 de Abril de 1974. Por vezes, os gags são demasiado previsíveis; outras, não há espaço para as personagens existirem para além da caricatura a traço grosso — em boa verdade, na sua honestidade e singeleza, o filme não procura muito mais do que isso; além do mais, inclui Michel Vuillermoz, notável actor da Comédie Française.